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O Congresso Internacional de Internacionalização e Formação de Professores, promovido pela Universidade Católica de Brasília, foi um evento inspirador que reuniu especialistas renomados para discutir os desafios e oportunidades da educação. Tive a oportunidade de participar e me senti profundamente enriquecido pelas diversas perspectivas apresentadas.
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O Prof. Dr. Manuel Palácios, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), apresentou diversos dados preocupantes sobre a migração e o desempenho de alunos em cursos de licenciatura. Ele destacou que o número de estudantes matriculados em cursos de licenciatura a distância aumentou de 542.613 em 2012 para 3.100.556 em 2022, enquanto os cursos presenciais diminuíram de 2.204.456 em 2012 para 1.656.172 em 2022. Esse dado indica uma preferência crescente pelos cursos a distância.
Outro ponto alarmante apresentado foi a alta taxa de evasão nos cursos de formação, com médias superiores a 50%. Em Matemática e Física, as taxas de evasão são de 67% e 72%, respectivamente, enquanto em Língua Portuguesa é de 61%. Além disso, o desempenho no ENADE para todos esses cursos de licenciatura é inferior a 50%, o que é extremamente preocupante.
O professor Palácios questionou as ações e propostas do Inep e do ENADE para melhorar essas taxas e apresentou algumas sugestões, incluindo:
- Elaboração de uma matriz de referência para as licenciaturas, com competências gerais e específicas de cada área.
- Novo padrão de itens.
- Definição de padrões mínimos de desempenho.
- Participação de professores da educação básica.
- Avaliação dos estágios obrigatórios.
A Profª. Msª. Ana Paula (RSB) durante a apresentação das associadas do Grupo UBEC à Rede Salesiana Brasil (RSB), a professora Ana Paula destacou o trabalho conjunto que está sendo realizado com outras redes salesianas na América Latina, especialmente por meio do projeto ESA (Escuela Salesiana América). Esse projeto é uma rede educacional sem fins lucrativos, formada por consagrados e leigos, que promove a criação de ambientes educativos inovadores para uma aprendizagem integral.
Ana Paula apresentou dados alarmantes sobre o tempo dedicado à formação continuada dos professores em 21 países envolvidos no projeto. De acordo com a análise, 41,7% dos professores dedicam apenas 1 a 2 horas por semana à formação continuada, enquanto 34,5% dedicam de 3 a 5 horas por semana. A pesquisa também destacou temas e competências prioritárias para a formação desses educadores.
No Brasil, essas análises e ações se alinham com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), resultando no desenvolvimento do Currículo da Rede Salesiana. Esse currículo inclui diversos cadernos que abordam áreas como Pressupostos Teóricos, Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Metodologias e Avaliação, além de Parâmetros Institucionais de Qualidade Educacional.
A Profª. Drª. Tone Kvernekk da Noruega nos apresentou sua análise detalhada sobre a formação de professores, dividida em várias dimensões:
Professor em relação ao professor: Ela discutiu a diferença entre o professor "Generalista" e o professor "Especialista" no processo formativo de professores.
Professor em relação aos alunos: A professora trouxe análises pós-pandêmicas sobre as crianças na Noruega, destacando o aumento das taxas de estresse para alcançar metas e casos de depressão durante o período pandêmico.
Professor em relação à comunidade escolar: Ela abordou a relação dos professores entre si e com a comunidade escolar.
Professor atual em relação às tecnologias emergentes: Kvernekk discutiu o uso de IA e o debate sobre o banimento das telas, encontrando resistência e destacando a necessidade de preparar melhor os professores para usar essas tecnologias no processo formativo.
Professor em relação à sociedade: A professora mencionou as "incertezas" do futuro, como crises climáticas e guerras, e como o uso excessivo de telas está consumindo o tempo da sociedade. Ela também apresentou pesquisas indicando que as crianças na Noruega não gostam mais das escolas como antes e expressou preocupação com o fato de menos pessoas desejarem se tornar professores.
Ao final de sua análise, a professora ressaltou que os documentos normativos e centrais da Noruega estão retirando a palavra "ensino". Ela enfatizou que os professores devem ser flexíveis para se adaptarem rapidamente às mudanças promovidas pela sociedade.
O Prof. Dr. Ernesto Treviño do Chile nos apresentou dados preocupantes sobre o declínio social dos professores no Chile, destacando que muitos abandonam a profissão após uma média de quatro anos devido às relações entre seus pares e com adultos no processo formativo posterior ao período de formação. Ele também nos mostrou que, na educação básica, 63% das escolas privadas têm financiamento público, 30% são escolas públicas e 7% são escolas privadas sem financiamento público.
Treviño apresentou o SDPD (Sistema de Desenvolvimento Profissional para Docentes), que oferece um plano de carreira para professores, permitindo um aumento salarial de até 30% ao alcançar metas propostas pelo país. O sistema incentiva professores experientes a supervisionarem e acompanharem novos professores, um processo que dura cerca de quatro anos.
Um dado alarmante apresentado foi que 65% das famílias utilizam violência verbal e 35% usam violência física para educar os menores.
Outros dados revelados incluem: 64% dos professores seguem a carreira por causa de vocação e incentivos financeiros, 24% só por vocação, e 12% apenas por incentivos financeiros.
SDPD - Sistema de Desenvolvimento Profissional para Docentes
Fases de evolução do desenvolvimento dos docentes.
Subsidiado por sistema de créditos do início ao fim do processo formativo.
Requisito para trabalhar em escolas com financiamento público.
Abrange toda a carreira docente.
Exige credenciamento e maiores exigências para todas as carreiras.
Sistema de mentoria para novos docentes.
Aplica-se a docentes de escolas públicas e privadas subsidiadas.
Promove um aumento de 30% no salário do docente.
Inclui pagamento de horas "não eletivas" para planejamento e avaliação.
Implementação gradual entre 2016 e 2026.
O Prof. Dr. Arie Kizel de Israel apresentou uma análise detalhada sobre diversos aspectos do sistema educacional em Israel. Em 2016, a Autoridade Israelita fez uma pesquisa sobre como os professores, alunos e diretores estão se saindo na escola. Os professores-alunos trabalharam bem com os mentores, mas o Ministério da Educação assumiu a gestão da formação docente.
Ele disse que é importante unir academia e escola, e que os professores devem ajudar os alunos em todos os momentos do trabalho. O objetivo é o aprendizado contínuo, integrando tecnologia e conhecimento atualizado.
A "Pedagogia de Resgate" ajuda alunos de comunidades pobres a superar suas dificuldades através da educação. Estudantes universitários aprendem a ser professores motivados e que podem fazer a diferença.
A Universidade de Haifa criou o modelo Escolar de Desenvolvimento Profissional Reflexivo Dialógico (DRPDS), baseado em três pilares: legitimação da visão pessoal, análise conjunta de situações e uso do pensamento metacognitivo. Este modelo educa professores para o diálogo na sala de aula e na organização escolar, promovendo mudanças necessárias e alcançando realizações desejadas.
Ele falou sobre os pais que não estavam satisfeitos com a educação na década de 80 porque achavam que o sistema educacional de Israel não era justo. Os pais pediram que os professores se tornem líderes e empreendedores sociais.
Para ser professor em Israel, é preciso ter um diploma de pelo menos 3 anos ou um diploma Bacharel De 4 anos de faculdade. A formação de professores é dividida entre universidades e faculdades de educação.
O sistema educacional em Israel é supervisionado pelo Estado, dividido em setores como Judaico geral, Judaico-religioso, Árabe, Druso e Circassiano. Ele também apresentou o Programa de Desenvolvimento Social nas Escolas.
Finalizou sua apresentação com uma reflexão: "Como validar o aprendizado dos alunos com o ensino dos professores?"
A Profª. Dr.ª Sonja Arndt de Melbourne, Austrália, apresentou uma visão abrangente sobre o contexto da Educação Infantil (ECE) na Austrália e os desafios enfrentados pelo setor.
A história da ECE.
Em 1896, estabeleceu-se o primeiro jardim de infância para crianças carentes em NSW, influenciado por Friedrich Fröbel.
Em 1908, a Free Kindergarten Union (FKU) foi criada em Melbourne por mulheres de classe média.
O que está acontecendo no setor ECE?
A estratégia para 2024-2034 visa uma força de trabalho segura, competente, qualificada, capaz e apoiada.
O objetivo é conectar crianças, famílias e comunidades, e ajudar a atrair e manter pessoas qualificadas.
Desafios da formação de professores:
O setor precisa de mais professores em Victoria.
Há uma diferença de renda e status social entre professores de ECE e escolas de ensino fundamental.
O curso de Educação Primária e jardins de infância são privilegiados.
É preciso melhorar muito os serviços de ECE.
Oportunidades de ITE:
Introdução de múltiplas perspectivas teóricas e pedagógicas nos programas de formação inicial de professores.
Saber as histórias e identidades dos futuros professores.
Precisamos trabalhar com o ambiente neoliberal para apoiar o bem-estar do setor terciário e da ECE.
Algumas perguntas importantes:
Como apoiar os prestadores de FIP que dependem do aumento de estudantes depois da Covid?
Como fazer os estudantes internacionais, que representam 86% do corpo discente em algumas universidades, se sentirem bem-vindos novamente?
O que precisa para garantir recursos e inspirar professores a entrar no setor como uma profissão viável?
Como fortalecer direitos, culturas e línguas indígenas nas escolas?
O Congresso Internacional de Internacionalização e Formação de Professores proporcionou uma visão abrangente dos desafios e oportunidades da educação no mundo atual.
Os palestrantes apresentaram pesquisas e práticas inovadoras que podem contribuir para a formação de professores mais qualificados e engajados, capazes de preparar os alunos para os desafios do século.
Este congresso me permitiu refletir sobre a importância da formação de professores de qualidade e sobre os desafios que precisam ser superados para garantir uma educação de qualidade para todos.
As apresentações me inspiraram a buscar novas formas de contribuir para a melhoria da educação no meu país.
A alta taxa de evasão dos cursos de licenciatura e o baixo desempenho no Enade.
A falta de interesse pela carreira docente, especialmente em alguns países.
A desvalorização da profissão docente em comparação com outras áreas.
As desigualdades sociais que impactam a educação.
As incertezas do futuro e a necessidade de preparar os alunos para um mundo em constante mudança.